Este projecto nasce de um convite para a participação num concurso público, para a reabilitação e alteração de um complexo de piscinas públicas na marginal da Figueira da Foz. A construção deste edifício de 1953, é da autoria do Arqto Isaias Cardoso e está classificado como edifício de interesse público em conjunto com o edifício vizinho, o Grand Hotel da Figueira.
O programa incluía a construção de um hotel de 4 estrelas e 50 Quartos, a reabilitação do restaurante das antigas piscinas à forma original, a construção de espaços comerciais ao nível da marginal e o aproveitamento do subsolo para um centro de talassoterapia e um estacionamento.
Este edifício foi muito alterado em 2006 pela câmara municipal, que demoliu todo o embasamento da piscina e lojas, para criação de um subsolo. Consequentemente a sua reconstrução, veio reduzir substancialmente o volume da piscina e a dinâmica do edifício. Muitas destas obras nunca ficaram concluídas, deixando parte do edifício em ruinas.
Após vencer o concurso em parceria com o escritório Mafalda Neuparth Arquitectos, houve a necessidade de colaborar com a DGPC – Direcção Geral de Património Cultural, de maneira a conseguir aprovar o volume da ampliação pretendida, sem perturbar a leitura do conjunto edificado Piscina-Mar/ Grand Hotel.
A solução apenas foi alcançada com a proposta de um volume suspenso sobre o terraço, libertando espaço para ampliar a piscina sob o volume e restituindo-lhe as dimensões originais que em tempos teve.
Levantar o volume sobre o pavimento proporcionou a desejada permeabilidade, mas também possibilitou destacá-lo do existente, pois na rótula de ligação existente e proposta, os dois não se tocam, atenuando um ponto de tensão entre duas materialidades, neste caso, duas intervenções.
Aproveitando a repetição da métrica vertical que tanto caracteriza o Edifício da Piscina-Mar, tanto pelos seus Brises, pelos esbeltos pilares, pelas suas guardas ou cadência de vãos, optou-se por desenvolver uma métrica que marcasse a nova fachada envidraçada, conferindo-lhe uma densidade volumétrica, mas mantivesse a característica permeável do plano de vidro.
Apesar de muito marcada pela sua ampliação, a proposta para a Piscina-Mar da Figueira da Foz não é apenas a sua ampliação, mas pretende reabilitar integralmente um edifício muito representativo da arquitectura moderna praticada em Portugal em meados do séc. XX, mas que atualmente se encontra em elevado estado de degradação.