O projecto consistia na reinterpretação e reabilitação de uma antiga moradia, situada no Bairro das Casas Económicas do Alto da Ajuda, que fora contruída em 1947 pelo Governo Português como resposta à falta de habitação no Pais.
A moradia original é uma repetição de um módulo, cuja planta e fachada se espelham para as moradias vizinhas, criando uma repetição muito característica naquele bairro.
No programa do cliente estava uma casa para uma família de 5 pessoas com jardim e piscina, o que iria obrigar a uma ampliação do edifício em extensão ou altura.
As regras actuais para a reabilitação em lisboa, obrigam pelo menos à preservação da fachada frontal e qualquer ampliação em altura, tem de respeitar a métrica da facha de baixo. Fora isso é permitida bastante liberdade nos interiores.
A Casa já possuía um acrescento Ilegal a fazer a cozinha, mas que se enquadrava muito bem na organização que se queria para o espaço e funcionava como uma barreira para o grande muro da casa vizinha.
Mantendo a implantação original, mesmo com o acrescento ilegal da cozinha, dividiu-se a casa em 2 partes, ficando a área social no piso de baixo e os quartos no piso superior e sótão, tudo ligado por uma caixa de escadas contínua, formando um triplo pé-direito a terminar no tecto inclinado do último piso.
No piso de baixo os comodos, relacionam-se com o Jardim e Piscina e abrem-se para a grande vista para o Rio Tejo, favorecendo a criação de grandes vãos envidraçados para este lado da casa. A cozinha vai criar uma ligação especial com a área exterior, através de um vão que prolonga a bancada interior com a bancada exterior do churrasco, permitindo uma interação entre estas duas importantes áreas que são ao mesmo tempo de serviço e sociais.
Toda a casa se vira para Sul, com grandes envidraçados para beneficiar da exposição solar e da vista para o Rio Tejo, contrariando a disposição da fachada Norte, virada para a Rua, bastante mais encerrada com vãos de menor dimensão, numa clara repetição do projecto original.
Uma casa mais sóbria para o exterior, pretende abrir-se mais para a esfera privada do dia-a-dia a tardoz, com o seu jardim que afunila a vista para a Foz do Rio Tejo ou as escadas que formam um anfiteatro para nos sentarmos a contemplar.